DO ÓTIMO DOCUMENTÁRIO "NA CAMA COM MADONNA' AO PLANO POLÊMICO DE "ERÓTICA", MADONNA AINDA IMPORTA E É UMA ARTISTA REVOLUCIONÁRIA NO MUNDO DA CULTURA POP
CRÍTICA | NA CAMA COM MADONNA
por LEONARDO CAMPOS 14 de agosto de 2015
Um manual de como ser Diva da Cultura Pop. Essa é uma das alcunhas desse divertido documentário, dirigido por Alek Keshishian. A produção seguiu a artista em 57 apresentações ao redor do planeta, numa visita a 27 cidades do Canadá, dos Estados Unidos, do Japão e do continente europeu. Era uma das épocas de Ouro do POP, com mudanças no formato da produção de espetáculos: a turnê Blond Ambition trouxe música, dança, moda, performances ao estilo Broadway, sendo considerada pela crítica como precursora dos moldes de espetáculos apresentados atualmente. Em 13 de abril de 1990, Madonna iniciou a sua turnê Blond Ambition. Ciente da sua imagem rentável, a artista investiu em um relato sobre a produção. Nos bastidores, encenou o papel de mentora dos seus dançarinos, as dificuldades diante da conciliação entre vida amorosa e carreira, além da sua relação às vezes conflituosa com a família. Nos palcos, personifica bem o seu papel de deusa do sexo, mulher chocante e provocativa, polêmica e defensora das minorias.
Prato cheio para polêmicas, o filme nos apresenta o universo Madonna: a polícia no Canadá decidida a prender a cantora por exibição imoral em público, o Papa João Paulo II vetando dois shows na Itália, o relacionamento com o galã Warren Beaty, as provocações ao catolicismo nas performances, a relação com a cultura homossexual, dentre outros tópicos comuns na carreira da intitulada Rainha do Pop. A estrutura do documentário apresenta o clássico preto e branco para as cenas “reais”, relatos do cotidiano de Madonna e dos demais profissionais envolvidos na turnê, sendo o colorido para os números musicais, a parte “lúdica” do filme. Like a Virgin, Oh Father, Express Yourself e Vogue são alguns dos momentos eletrizantes da produção, inclusos de maneira eficiente pela montagem de Barry. A. Brown. Sobre o show, cabe ressaltar que as coreografias foram assinadas por Vincent Patterson, tendo o figurino produzido por Jean-Paul Gautier e Marlene Stewart.
Orçado em U$5 milhões, o documentário pode ser considerado um manual de como ser Diva do Pop por mostrar uma artista que sabia flertar com a mídia sem se tornar uma pessoa autodestrutiva, como aconteceu como muitas das suas sucessoras, sendo Britney Spears um dos casos mais emblemáticos. Madonna ainda briga com o engenheiro de som da produção, dá alguns chiliques, esnoba o eterno guarda-costas Kevin Costern e se comporta algumas vezes de maneira quase insuportável e arrogante. Alguns anos depois ela teve a oportunidade de ser retratar, afinal, como reza a boa e velha cartilha cristã, “todo mundo merece uma nova chance”. Lançado em 10 de maio de 1991, Na Cama com Madonna possui 122 minutos de muita diversão. Uma boa fatia da crítica cinematográfica estadunidense nunca esteve feliz com a presença da artista em filmes, haja vista a indicação ao troféu Framboesa de Ouro de Pior Atriz na cerimônia de 1992. Mesmo representando a si mesma, Madonna era esnobada pelos críticos. A indicação, apesar de absurda, não mudou em nada o sucesso da produção que foi exibida no Festival de Cannes, concorreu ao American Cinema Editors na categoria de Melhor Edição e ainda é a sétima maior bilheteria de um documentário na história do audiovisual.
A polêmica, no entanto, não ficou apenas na seara dos bastidores e da estreia. Em Madonna: uma biografia íntima, de J. R. Taraborelli, o biógrafo relata que em 21 de janeiro de 1992, os bailarinos Oliver Crumes, Kevin Stea e Gabriel Trupin abriram um processo contra Madonna, alegando invasão de privacidade e outras questões, como supressão da verdade e inflição intencional de sofrimento. Esse era apenas o começo de uma avalanche de acontecimentos explosivos relacionados aos trabalhos da artista. O “magoado” e caçador de níqueis Christopher Ciccone, irmão da cantora, responsável por assinar a direção de arte do espetáculo, escreveu em sua biografia, A Minha Vida com Minha Irmã Madonna, que muita coisa na produção foi encenada: a visita ao túmulo da mãe e a atuação como protetora para os seus dançarinos são alguns desses “momentos”. Hoje, com o avanço dos estudos acerca da linguagem dos documentários, torna-se mais fácil entender todo o processo, tendo em vista que há muito não se fala deste gênero cinematográfico como retrato fidedigno de determinada situação.
Em Na Cama com Madonna, há muita encenação. A artista representa a si mesma, sem dúvida, o melhor e mais interessante personagem já encenada por Madonna. Em 2005, após o sucesso da turnê Reinvention, Madonna produziu e lançou uma espécie de continuação, algo diferente no campo dos documentários: I´m Going To Tell a Secret, uma produção que nos oferece uma personagem mais política e madura. O título original, Truth or Dare, faz alusão ao jogo Verdade ou Consequência, um trecho “proibido para menores de 18 anos” do filme. Nos Estados Unidos, entretanto, a distribuidora Miramax achou mais interessante vender a produção como Na Cama com Madonna, tendo em mira o provável sucesso nas bilheterias devido não apenas ao apelo comercial da artista, mas ao nome instigante. A própria Madonna declarou, em entrevistas, que achou o título estúpido.
Na Cama com Madonna (In Bed With Madonna, Estados Unidos, Canadá, Japão – 1991)
Direção: Alek Keshishian
Roteiro: Madonna
Elenco: Madonna, Warren Beaty, Christopher Ciccone, Jean- Paul Gaultier, Oliver Crumes, Dona Delory, Gabriel Trupin, Al Pacino
Duração: 122 min.
Fonte:https://www.planocritico.com/critica-na-cama-com-madonna/
CRÍTICA | “EROTICA” – MADONNA
por LEONARDO CAMPOS 13 de setembro de 2018
Madonna é uma artista revolucionária. Não é a melhor cantora do mundo, tampouco tentou ser, mas tornou-se inesquecível pelas contribuições no bojo da cultura pop, bem como a longevidade de sua carreira, algo surpreendente dentro numa manifestação cultural conhecida por seus produtos efêmeros, prosaicos e banais. Em 1992, após mudar o conceito de espetáculo com a Blond Ambition e causar furor com o documentário Na Cama com Madonna, a artista investiu em um novo trabalho que tinha a sexualidade como ponto de partida para discussões sobre outros temas caros para a sociedade nos primeiros anos da década de 1990.
Quinto álbum de estúdio, Erotica tratou de quebra de tabus, entre eles, a reflexão sobre desejos sexuais femininos, as “nossas fantasias eróticas de cada dia” e a necessidade de se expressar, temática abordada com êxito em Express Yourself. “Minha vagina é um templo de aprendizado”. Foi nessa linha que Madonna chocou o mundo ao tratar de temas tão polêmicos numa sociedade que lidava com as celeumas dos impactos da AIDS na década anterior, a homossexualidade regrada aos guetos e o conservadorismo e seus discursos de ódio.
Após quase três décadas, o álbum continua bastante relevante, principalmente se pensarmos as discussões sobre sexualidade e comportamento na atualidade. Com sonoridade crua, microfones pouco sofisticados para estabelecimento da atmosfera desejada e som “sujo”, Madonna sussurra, geme, canta e encanta com as faixas que compõe uma de suas obras mais controversas. Apesar de ser vendido e discutido como uma realização sobre sexualidade, Erotica discute temas como aceitação, homofobia, amor e racismo.
Em seus 75 minutos e 24 segundos, o álbum produzido por Madonna, em parceria com André Betts e Shep Pettiboni, trata dos temas apontados através da sonoridade hip hop, da dance music, do estilo house, com acréscimo de elementos do jazz, blues e presença de saxofones e pianos para a lapidação que resultou no material para o lançamento da astuta turnê The Girlie Show, a primeira de Madonna no Brasil, em 1993.
Erotica foi o primeiro single do álbum. Com sobreposição de camadas sonoras e influências do dance-pop e do trip-hop, a canção em vocal spoken-word também trouxe elementos do new jack swing, estilo musical híbrido da mescla entre hip hop e do som urban contemporany. Repleta de batidas de rua e solos harmoniosos, a faixa traz em seu “tom” as técnicas do sample. No famoso e polêmico videoclipe dirigido por Fabien Baron, Madonna desempenha o papel do alter-ego Dita Parlo, tendo como companhia Naomi Campbell, Isabela Rosselini e o rapper Vanilla Ice.
Com sonoridade que nos remete aos anos 1970, Madonna cita Vogue em Deeper and Deeper, faixa interpretada como o desvendar da homossexualidade de um rapaz jovem. Segundo single do álbum, a canção tem traços do dance-pop e da deep house, isto é, estilo musical originado nos anos 1980, conhecido por fundir soul music, jazz e funk. Complementada com uso de guitarras flamencas, a faixa ganhou videoclipe dirigido por Bobby Woods.
Bad Girl, terceiro single do álbum, é uma canção sobre a solidão e a confusão de sentimentos. A artista assina a composição melancólica, juntamente com Shep Pettiboni e Anthony Shimkin, faixa que segue o apelo controverso de Madonna na época: escândalos envolvendo as suas incursões sexuais na mídia, marcando também um ponto de virada na carreira da musa pop, haja vista que foi um dos seus fracassos comerciais, mesmo com o lançamento do videoclipe cheio de estilo, dirigido por David Fincher. Bad Girl é uma canção “suja”, que fala sobre fumar cigarros demais e consolar-se com amantes pelos quais não se nutre nenhum sentimento. A letra trata de uma mulher que está diante de um estilo de vida perigoso, após uma decepção amorosa. Bad Girl deixa claro que, após o final de um relacionamento, a pessoa sente-se vazia e cheia de dúvidas diante do mundo opaco que se configura quando alguém precisa deixar uma pessoa que ama.
Fever, composição de John Davenport e Eddie Cooley, foi o quarto single do álbum, com videoclipe multicolorido dirigido por Stephane Sednoour. Através de elementos dance-pop e house, a faixa investe na melodia e traz uma interpretação nova para uma canção já interpretada por diversos artistas anteriormente. Em Rain, balada pop composta por Madonna e Shep Pettiboni, momento calmo e límpido do álbum, temos a artista traçando uma comparação entre o efeito da chuva e o amor, dando ênfase para a simbologia da água na purificação de “sujeiras” de nosso cotidiano. Com elementos do adult contemporany e do trip hop, a faixa deu origem ao videoclipe dirigido por Mark Romanek, produção que também fez sucesso, com cenas de uma versão contemplativa da cantora, numa prova de que o álbum foi muito além das reflexões sobre desejos sexuais e transgressões.
Controverso, o álbum sofreu consequências comerciais por conta de alguns elementos limitadores, tais como faixa etária para acesso ao material e a onda conservadora que reforçou o trabalho como algo “sujo”, “vulgar” e “impróprio”. Lançado na esteira de Corpo em Evidência e do livro Sex, Erotica alcançou o devido reconhecimento crítico com o tempo. Madonna, por sua vez, não deixou de continuar com trabalhos polêmicos e desafiadores. Não é a toa que ostenta, ainda nos dias atuais, o justo título de Rainha do Pop.
Aumenta: Deeper and Deeper
Diminui: Waiting
Erotica
Artista: Madonna
País: Estados Unidos
Lançamento: 12 de outubro de 1992
Gravadora: Warner
Estilo: Dance-Pop, R&B, Trip Hop, Hip Hop, New Jack Swing
Fonte:https://www.planocritico.com/critica-erotica-madonna/
PLANO POLÊMICO #55 | MADONNA AINDA IMPORTA?
No final no Brasil da turnê de 40 anos, Madonna levanta questionamentos.
por LEONARDO CAMPOS 4 de maio de 2024
Peço licença, caros leitores, para a abordagem biográfica deste artigo. Ao longo de minha jornada, cresci escutando diversos estilos musicais e sabia da existência de uma cantora chamada Madonna, mas sequer lembraria um título de música ou videoclipe produzido pela mesma. As coisas mudaram em 2003. Este era o primeiro ano que havia desistido de curtir o carnaval de Salvador, me entregando a um ritual que faz parte da minha vida até então: locar (hoje, assistir ao meu acervo ou no streaming) diversos filmes e passar os dias de folga comendo pipoca e acrescentando informações ao meu projeto pessoal de cinefilia.
Dentre as produções escolhidas, um me chamou muito a atenção: Moulin Rouge – Amor em Vermelho, musical dirigido pelo australiano Baz Luhrmann, que de maneira bastante orgânica, conseguia fazer um pastiche da cultura pop do século XX, temperando a narrativa com doses discretas de cultura erudita, num dos maiores espetáculos cinematográficos produzidos nos últimos anos. Entre os números musicais mais atrativos, estava Sparkling Diamonds, trecho de apresentação da personagem Satine, interpretada por Nicole Kidman em um fabuloso desempenho musical, e Like a Virgin, uma canção reconfigurada para o filme, canção que tinha a impressão de que já “havia escutado em algum lugar”.
Ao pesquisar, descobri as devidas referências. Eram canções bastante populares da cantora Madonna. Mais adiante, ao aprofundar as pesquisas e encontrar algumas curiosidades de bastidores nos extras do DVD, descobri que, segundo o diretor, a personagem Satine possuía traços de Marilyn Monroe, Marlene Dietrich e Madonna. A partir daí, surgiram as minhas primeiras fagulhas de curiosidade: mas, afinal, “quem é essa garota”? Neste percurso, transformei os insights que surgiam com uma investigação mais organizada, que se transformou no livro Madonna Múltipla: Cinefilia e Videoclipe, lançado em 15 de janeiro de 2015.
Além de ampliar o meu repertório cinematográfico, a concepção do livro me permitiu enxergar Madonna como uma artista revolucionária, dona de um estilo muito próprio, responsável por catalisar discussões sobre gênero, política, dentre outros debates pertinentes para uma sociedade que reflete sobre si mesma. Foi um acontecimento. Consegui levar o conteúdo para rádios, televisão, sala de aula, demonstrando com fascínio que a artista ia muito além daquilo que eu tinha como imagem em relação ao seu longo caminho pavimentado na cultura pop. Madonna importava, importa e ainda importará muito como reflexão sobre o seu fazer artístico, numa afirmação que já responde aos leitores o título interrogativo deste artigo.
Mas, então, Leonardo Campos, “quem é essa garota”?
“Só Madonna, ela disparou. Como a Cher. Guarde bem”. Foram estas as palavras da incipiente personalidade pop ao jornalista, e, hoje, biógrafo de Madonna, J. Randy Taraborelli, nos idos dos anos 1980. Era o começo de uma carreira meteórica, ligado ao campo da música, mas dialogando, como o Manifesto das sete artes, com a dança, a literatura, as artes plásticas, o teatro e o cinema. A jovem e rebelde aspirante ao posto de atriz, mas que conseguiu mesmo se fincar no terreno musical nasceu em 16 de agosto de 1958. Desde os anos 1980, a artista desenvolve uma carreira múltipla: cantora, atriz de cinema, de teatro e de videoclipe, produtora, empresária, escritora e, mais recentemente, diretora de cinema. Ao operar mudanças e gerar polêmica em trabalhos que discutem temas variados, mas que gravitam todos em torno do feminino, da homossexualidade, da política e da religião, Madonna conseguiu longevidade no efêmero jogo da cultura pop. Ao longo de seus 40 anos de participação ativa no âmbito da cultura, a artista, de forma bastante esperta, conseguiu dialogar com a mídia e usá-la a seu favor, mesmo que muitos não tenham acreditado que ela passaria do primeiro álbum.
Madonna passou longos tempos estudando fotografia, filmes em preto e branco e pinturas. Era uma atitude oriunda de alguém com espírito empreendedor e criativo. No jogo do pop, sabemos que não se consegue atingir a longevidade se não tiver uma ideia firme sobre imagem. E por aqui, estamos falando sobre alguém que desde jovem sabia da importância desta questão. Quando Madonna surgiu, os videoclipes ainda eram uma novidade para a indústria do entretenimento. Foi uma época de grandes empreendimentos na seara do audiovisual, e um deles, o surgimento da MTV, emissora que começava a engrenar. Foi neste espaço que a artista, ambiciosa e atenta ao mercado, apostou no formato do videoclipe para criação da sua imagem perante a mídia. Conhecida como a Rainha do pop, constantemente mudou a sua imagem entre 1980 e 1990, reinventando-se na efêmera malha da cultura pop, mantendo certa autonomia na indústria fonográfica.
Os seus primeiros singles renderam videoclipes ainda no formato mais rudimentar: com edição simples e apresentando a cantora em poses provocantes. Everybody, Holiday e Lucky Star promoveram o trabalho da cantora, mas Borderline pode ser considerado o maior destaque antes do estouro de Like a Virgin, em 1984. A canção alcançou bastante sucesso nas paradas musicais. O bom desenvolvimento do álbum estava ligado, especialmente, ao processo de produção do videoclipe, um dos principais da carreira da artista. Neste período, temos como as principais produções, Like a Virgin e Material Girl, além da aclamada incursão no cinema com Procura-se Susan Desesperadamente. Com estes e outros videoclipes, a sua imagem provocante se cristalizou, reforçada pela icônica apresentação na MTV, em 1984, quando Madonna surgiu vestida de noiva, cantando a canção sobre amor e virgindade, desenvolvendo uma atuação bastante sensual para as câmeras, parodiada por ela mesma em 2003, com a participação das suas sucessoras Britney Spears e Christina Aguilera.
Depois disso, tivemos discussões das mais diversas em suas canções e videoclipes: aborto (Papa Dont Preach), racismo e religiosidade (Like a Prayer), a liberdade sexual feminina em tempos de repressão (Erotica e Justify My Love), a importância do amor próprio, do potencial daqueles que conseguem se expressar e da descoberta do nosso potencial interno (Vogue e Express Yourself), a política armamentista e o imperialismo estadunidense (American Life), a necessidade de curtir a vida e se entregar ao diletantismo sem se importar com a opinião alheia (Hung Up), a fugacidade do tempo e as acelerações da tecnologia (4 Minutes), o hedonismo, etarismo e as ilusões da fama (Hollywood), dentre tantas outras produções que tornam a catalogação por aqui exaustiva e impossível para os limites editoriais do texto. Devo então, delinear que um dos principais pontos desta jornada foi descobrir algo adicional na musicalidade que me atraiu ainda mais depois da saída do armário e da plena vivência como homem gay assumido. Muito além da pista de dança, Madonna entrega reflexão em seus espetáculos, videoclipes e canções. São jornadas roteirizadas com mensagens de temáticas múltiplas.
Afinal, Madonna ainda Importa Mesmo?
Em linhas gerais, Madonna é uma artista múltipla. Atriz, cantora, dançarina, empresária e mais recentemente, diretora de cinema. Ela até se arriscou e escreveu livros infantis numa determinada fase. Estas foram informações apresentadas no começo desta reflexão escrita, reafirmadas neste momento do texto, que não penso como uma consideração final do processo, mas como a materialização de pensamentos, observações, conversas, palestras e minicursos ministrados sobre Madonna, a história e a linguagem do videoclipe, ainda um dos produtos audiovisuais mais importantes da indústria cultural contemporânea. Com 40 anos de carreira, muitos sucessos e fracassos, polêmicas e debates, Madonna se cristalizou na cultura pop como uma mulher de opinião, que se posiciona, brinca em alguns trabalhos e se diverte, mas possui constância na sua agenda de reflexões sobre todos os tópicos temáticos abordados anteriormente. Mesmo que, artisticamente, alguns dos seus trabalhos não tenham a coesão e a reverberação de outros excelentes momentos do passado, a Rainha do Pop deixou sua marca, traz para o contemporâneo uma pertinente discussão sobre ageísmo, algo que no ramo do entretenimento, acomete muito mais as mulheres do que os homens.
Madonna ainda importa sim. E, conjugando em outros tempos este verbo, importará enquanto houver pessoas dispostas a reconhecer a sagacidade de seu trabalho e compreender as suas propostas conectadas ao longo de quatro décadas de muito empenho e trabalho. Ela bem sabe que não é a maior cantora do mundo, tampouco a melhor atriz. Seus talentos vão para direções diferentes e o seu grande legado e impacto cultural é saber mesclar habilidades e competências em prol da criação de algo coeso diante de uma carreira planejada cuidadosamente, a enfrentar obstáculos constantes como qualquer ser humano que surge do nada e consegue alcançar um status que ela alcançou, abrindo as portas para outras artistas e transformando o entretenimento em algo além da pura diversão.
Fonte:https://www.planocritico.com/plano-polemico-55-madonna-ainda-importa/
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